segunda-feira, 16 de setembro de 2013

3a Aula - Dúvidas

Continuando a série de artigos sobre as aulas que ministro na Fatec, essa é a aula que planejei para os alunos colocarem a mão na massa finalmente! Planejei tudo bonitinho com relação à ementa da disciplina, previ que os alunos ficariam super felizes de finalmente poderem criar scripts similares àqueles que viram na aula anterior. Um problema, porém, eu não previ direito: as dúvidas.

Hahaha! As imagens sobre dúvidas são hilárias!

Antes de deixá-los enfrentar a tela em branco para começar a programar, eu dei a eles os scripts que leram na aula passada, mas com várias explicações a mais. Assim eles conseguiriam tirar as dúvidas que tinham ainda sobre alguns detalhes do código. Isso cumpriria a parte de "conhecer" e "entender". Vamos agora para o "aplicar".

Então dei para eles um enunciado que definia o comportamento de um script razoavelmente simples. Esse script usaria apenas estruturas básicas da linguagem, todas existentes nos scripts que leram. Por isso achei que eles iriam terminar a atividade super rápido. Eis que algum tempo depois vou conversar com eles e todos estão com uma cara de interrogação olhando para o enunciado e para a tela em branco: "Professor não sei nem por onde começar..."

Eu me senti bem triste, pois tinha planejado para eles conseguirem fazer a atividade que passei. Eles falaram, e os outros professores também, que já tinham experiência em programação, até demais para um curso de redes. Mas essa experiência não foi suficiente para eles compreenderem e resolverem o problema que passei. Eu perguntei muitas vezes: "Qual é a sua dúvida?", a resposta geralmente era: "Todas".

O que fazer nesse momento? Como um professor deve se comportar na situação em que todos os alunos têm tantas dúvidas que não conseguem avançar? Bom, a primeira coisa que eu fiz foi ter certeza de que meu planejamento deveria ser revisto, e que as próximas atividades que eu passar para os alunos não deveriam seguir o mesmo modelo dessa que passei. A condução da disciplina deve considerar (idealmente em tempo real) a forma com que os alunos respondem às atividades.

Bom, mas e na hora? Eu não sei bem. Primeiramente eu tentei forçá-los a usar os scripts que tinha passado e buscar na Web como resolver os problemas que estavam enfrentando. Mas eles estavam bem perdidos, e isso não ajudava muito. Eu tive que intervir, tentei fazer pessoalmente de forma a dar a dica específica para cada um. Isso ajudou, mas os alunos não ficaram muito felizes: "Poxa professor, nós precisamos de uma base antes".

Depois eu tentei fazer uma discussão com eles, falei que minha abordagem é diferente da dos demais professores, que passam a teoria toda (de mão beijada) para os alunos e depois passa exercícios para eles aplicarem exatamente aquilo que aprenderam. Eu gostaria de fazê-los aprender diretamente na prática, quebrarem a cabeça e explorarem o conteúdo apenas orientados por mim. Aparentemente isso não deu certo, pelo menos nessa aula.

Acho que isso deve ter acontecido porque eu errei a mão, fiz um exercício muito complexo. Talvez se eu tivesse começado por um (ou vários) mais simples teria sido melhor. Mas acho que outro fator também contribuiu. Os alunos estão acostumados a não investigarem sozinhos o conteúdo, não estão acostumados a serem emancipados. Eu quero desenvolver isso neles! A questão agora é: como fazer isso sem deixá-los frustrados?

Vamos ver se na próxima aula eu já tenho a resposta.

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O que acharam? Fui muito maluco? Como eu posso arrumar um meio termo entre o que eles estão acostumados e o que eu gostaria de desenvolver neles? Estou aberto a sugestões!!

4 comentários:

  1. Professor Danilo!

    Antes de chegar ao final do texto eu ia falar da questão da autonomia... mas você também tem isso claro! =)

    Quando disseram "temos todas as dúvidas", talvez o bom seja dizer: "ok, então vamos por partes: qual a dúvida 1? qual a dúvida 2? etc." Isso ajuda na capacidade de análise (separação das ideias), algo importante em programação.

    Por mais acostumados que estejam em ter o "conteúdo mastigado", o curso tem foco profissional, de modo que a realidade que terão no trabalho é algo próximo à sua proposta inicial.

    Enfim, acho bacana a ideia de desafios (exercícios) mais simples, por conta da motivação, mas acho válido manter a metodologia de primeiro lançar o desafio e depois, só depois de tentarem muito, ajudar com eventuais dúvidas, sintetizando com conteúdo formal apenas no fim.

    E você, o que acha?

    Abraços,
    Vinícius

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  2. Bem comentado, Vinícius! :)

    Danilo,

    Você também pode expor aos alunos que sua metodologia é baseada em resolução de problemas, e que estes sempre são desafiadores.

    É possível contextualiá-los ao fim da aula com exemplos já "solicionados" e aplicados em outros ambientes, referindo-se a que tipo de problema e demanda esses responderam.
    Assim, também fica o incentivo para que possam reconhecer a importância e utilidade daquilo que estão estudando.

    Um beijo,
    Dri Mitiko

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  3. Oi Vinícius. Olha, eu tentei viu. Pedi por muitas vezes para os alunos pensarem em dúvidas mais específicas, mas eles raramente conseguiam organizar seus pensamentos para expressar algo com que eu pudesse ajudar. Mesmo depois eu dividindo a tarefa em passos bem pequenos eles ainda tiveram dificuldade. Espero que com atividades menores eles consigam trabalhar melhor.

    Obrigado pela dica Adriana! Vou tentar organizar as atividades para que elas terminem no horário da aula e que seja possível fazer essa discussão ao final sim!

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    1. siga firme! o trabalho é árduo, mas vale a pena! =)

      sigo acompanhando!

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