segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Níveis de Realidade em uma Aula

Eu estava pensando com meus botões sobre os defeitos da disciplina que leciono atualmente. Percebi uma relação interessante entre o que é passado ou feito em sala de aula e o que é feito na vida real, quando os alunos enfrentam problemas reais (não artificiais), seja na vida profissional ou pessoal. Eu tento elaborar atividades o mais próximas possíveis do que os alunos vão enfrentar depois de formados. Meus objetivos com isso são (1) motivar os alunos com aulas interessantes e significativas; e (2) que as aulas realmente os preparem para as situações do futuro.

Aulas podem ser mais reais ou menos, em função de sua proximidade com problemas enfrentados fora da instituição de ensino.

Mas veja só, em meu caso, há vários passos que eu deveria tomar para deixar minhas aulas ainda mais próximas das situações reais. Primeiro vou descrever como faço as aulas e depois vou tentar elaborar níveis mais abstratos e os mais reais de aula...

Faço o seguinte: converso com outros especialistas na área e reflito sobre problemas reais. A partir da lista de problemas reais, eu elaboro uma adaptação para a infraestrutura que possuo no laboratório de informática da faculdade. Então, quebro o problema em várias partes e passo aos alunos ajudando-os quando têm problemas.

Aspectos que afastam as atividades que dou aos alunos da realidade:
  1. Contexto. Como o ambiente em que é feita a solução do problema não é um ambiente similar ao que é usado nas empresas e outras instituições profissionais, a atividade que dou aos alunos é distante da realidade. Tenho que tentar aproximar o contexto em que a atividade é realizada o máximo possível do que se encontra fora da faculdade.
  2. Formato. Como eu controlo o formato da atividade em função dos alunos, da duração da aula, da proximidade da prova, entre outros, com o objetivo de facilitar o trabalho dos alunos, a tarefa fica longe do que se vê em um emprego, por exemplo. Não que isso seja necessariamente ruim, mas é um aspecto que, se você tem o objetivo de tornar a aula mais próxima da realidade, atrapalha.
  3. Necessidade. Como eu que pensei no problema, a necessidade do problema não existe, só faz sentido no contexto da minha disciplina, é artificial. Se a necessidade de solução do problema que passo aos alunos fosse de alguém que dependesse do resultado do trabalho deles, a aula seria mais próxima da realidade que enfrentam na vida profissional.
No final, para eu aproximar as atividades que dou em aula da realidade, eu deveria:
  • Aproximar a infraestrutura do laboratório de informática da faculdade ao daquela que os alunos vão encontrar nos empregos. Não mais usar os termos "imagine que", "dado que", etc, porque o aluno já terá o contexto muito próximo do real a sua frente, não vai precisar imaginar...
  • Aproximar o formato das atividades ao do real, o que pode ser feito reduzindo a influência da duração da aula, controlar (ou não) o tempo e a prioridade nas tarefas, liberar acesso à Internet para consulta, etc.
  • Fazer com que a necessidade de resolver o problema seja real, que o resultado do trabalho dos alunos seja útil para alguém, mesmo que sejam os próprios alunos. Muitas vezes professores conseguem trazer empresas com problemas para os alunos resolverem, isso é ótimo!
No meu caso, o que poderia piorar é afastar ainda mais a necessidade da realidade, como dar problemas abstratos e fora do contexto do curso de tecnologia em redes. Poderia também piorar o contexto, como dar exercícios de rede em computadores não conectados. Entre outras coisas.

Não digo que aproximar as aulas da realidade seja algo necessário para todas as situações pedagógicas. Fiz esse artigo para ajudar quem acha que seria interessante aplicar isso.

O que acham?

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