segunda-feira, 22 de abril de 2013

Qualidade de ensino... como avaliar?

Nos acostumamos bem a considerar algumas como "boas faculdades" e outras como "faculdades ruins", é quase natural. Chega a ser tão natural essa divisão que muitas vezes nem pensamos bem nos motivos de dizê-lo. A primeira coisa que vem na minha mente, e acredito que na mente de muitos de vocês, é a "qualidade dos alunos" e a "qualidade dos professores". Os alunos das boas faculdades são, em geral, muito melhores que os das faculdades ruins, o mesmo acontece com os professores. Pronto, está definido qual faculdade é "de qualidade" e qual faculdade é "de má qualidade".


Podemos usar resultados de provas para avaliar o ensino?

Não vou citar aqui aquelas classificações internacionais de universidades, esse é papo para outro artigo. Vou examinar, na verdade, um pouco mais o que esse pensamento quer dizer. Um aluno ser melhor do que o outro significa que ele tem uma maior base de conhecimento e possui uma capacidade de raciocínio maior. Acredito que esse seja o princípio geral. Analogamente, um professor é melhor que outro se ele tem mais experiência, mais conhecimento, mais renome. Assim, comparamos cursos e faculdades basicamente pelos alunos que entram e saem e seu corpo docente. Isso acontece muito quando comparamos, por exemplo, cursos de faculdades particulares e de públicas no Brasil.

Enquanto eu fazia faculdade, lembro que alguém acompanhava a avaliação do Guia do Estudante da Abril, e nessa classificação nosso curso passou de 5 para 4 estrelas, e depois voltou para 5. Será que tem relação com a variação da "qualidade" dos alunos que passaram no vestibular de um ano para outro? Será que tem relação com a variação no corpo docente (acredito que muito pequena) entre esses anos? Eu fui olhar no site da Abril, (aqui e aqui) e encontrei muito pouco sobre o critério que eles usam para classificar os cursos, mas vi que ele é baseado principalmente em um formulário preenchido pelo coordenador do curso, informando os dados do curso e que é avaliado por outros professores. Se alguém souber de outra página com mais informações, por favor me indique. Acho estranho o curso mudar tanto assim de um ano para outro para mudar a quantidade de estrelas, acho mais provável que o coordenador tenha preenchido mal no tal ano e a editora reduziu a nota.

Acho estranho pensar a qualidade do ensino, de um curso, pela "qualidade" dos alunos e professores ou por um formulário preenchido pelo coordenador do curso. Será que um vestibular mais concorrido aumenta a qualidade de um curso? Independente da natureza das provas? Será que o recente aumento da concorrência em cursos de engenharia civil, devido ao mercado, aumentou a qualidade desses cursos? Será que a quantidade de artigos publicados pelos professores pesquisadores deve ser considerada? Será que não está faltando alguma informação nessa conta?

Está faltando considerar o que acontece no dia a dia do curso! Está faltando considerar quanto os alunos colam para fazer as provas, quanto eles estudam de última hora para decorar os procedimentos para resolver os exercícios, quanto os professores vêm dar aula interessados. Está faltando ver a satisfação do aluno ao terminar o curso, a visão que ele tem  da engenharia produto do que viveu. E as condições de ensino? O stress de ter que chorar por nota? Quantos alunos foram empurrados, quantos reprovados, quantos professores ficam satisfeitos por reprová-los? 

Por fim, o objetivo pedagógico do curso. Quem o considera? Quem o utiliza para comparar se os alunos que foram formados atingiram os objetivos? Nossas avaliações de qualidade são, em geral, muito superficiais. E o pior, qual é a referência em "boa qualidade"? Quem garante que não estamos comparando "péssimo" com "muito ruim"?

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