segunda-feira, 1 de julho de 2013

Três Idiotas

Assisti um filme muito interessante sobre ensino de engenharia, chamado Três Idiotas. este artigo vai funcionar meio que como uma resenha do filme e como a visão dele sobre o ensino de engenharia pode nos ajudar.
Três estudantes de engenharia fazendo besteiras.

O filme conta a história de dois amigos que se conheceram na faculdade à procura do terceiro, enquanto lembram de momentos marcantes em suas vidas durante a graduação em engenharia. Ele é indiano, então tem 2 horas e 40 minutos de duração, alterna algumas músicas com cenas de dramaticidade extrema. Eu estou começando a assistir filmes indianos agora, e estou me acostumando ao "gosto" deles de fazer filmes, apesar de preferir o jeito ocidental mesmo.

Eu recomendo o filme por tratar de um tema muito interessante e também por servir de introdução a essa estética indiana de cinema. No final, lembra um pouco o filme Sociedade dos Poetas Mortos.

Dos três personagens principais temos um gênio que vai bem nas provas sem estudar, que ama a engenharia e questiona vários valores do ensino de engenharia naquela faculdade tradicional, um rapaz de classe média que queria ser fotógrafo mas o pai obrigou a fazer engenharia porque "dá mais dinheiro", e um de família mais pobre e encara a engenharia como meio de sair dessa situação.

Outros personagens importantes são o diretor da escola, um professor já idoso que representa todo o tradicionalismo que você pode imaginar, e outro aluno, rival ao grupo protagonista, que vê a engenharia como forma de subir no mundo e fazer parte da elite da sociedade. Todos os personagens são bem lineares e estereotipados, o filme é superficial emocionalmente. Mas é possível fazermos algumas analogias com o que acontece em universidades públicas brasileiras.

Trote ao entrar na universidade...

Apenas os melhores sobrevivem. Essa é a atmosfera da universidade retratada no filme. Nela os alunos devem estudar muito para conseguirem passar nas provas e "merecer" ter o diploma da instituição. Os professores são durões e não dão chances aos alunos de falar ou pensar. Superiores quase no sentido militar, são donos absoluto do conhecimento e fonte de sabedoria para os pobres estudantes.

Esses, por sua vez, devem se virar sozinhos para estudar e decorar todas as informações passadas pelos professores em suas aulas-palestras e reproduzí-las nas provas. Aliás, é isso que se espera de um bom engenheiro. Não necessariamente o que você estuda é o que você deve aprender ou o que você vai usar na vida pós-faculdade. O filme mostra inclusive uma cena de suicídio de aluno que não conseguiu ir bem nas provas. Isso é pouco comum no Brasil, mas em outros países, principalmente na Ásia, chega a ser corriqueiro.

Alguma semelhança com o que você vive ou viveu? Eu me senti no filme,
de tão parecido com o que vivi.

O personagem principal, gênio da tecnologia, desafia o status quo, mostrando novos paradigmas de como encarar o ensino de engenharia. Ele valoriza a paixão por estudar, por explorar e experimentar, que todo aluno e professor deveria ter. Ele serve de exemplo para engajamento em atividades e projetos práticos. Ele questiona a validade das notas, o poder comparativo e preciso das provas (coisas que nossos professores assumem como sagrados).

Em uma situação, ele é colocado forçadamente como professor, substituindo um que palestrava em uma sala calada. Sua aula-exemplo foi colocar duas palavras desconhecidas na lousa e dar 30 segundos para os alunos encontrarem o significado. Essa é uma estratégia de colocar desafios interessantes aos alunos, que acordaram subitamente e caçavam em seus computadores e livros aqueles termos. Interesse que vi em poucas situações em minha vida acadêmica.

Esse filme mostra que a revolução na educação é tão urgente que até comédias pastelão refletem o assunto. Espero que ele inspire muitas pessoas na direção de enfrentar os valores tradicionais do ensino de engenharia e que tenhamos cada vez mais professores felizes por ensinar e alunos felizes por estudar e poder praticar a engenharia que amam para melhorar a vida de todos.

Um comentário:

  1. Como dizem "Não é ter todas as respostas, mas saber formular as melhores perguntas" que o tornam PHoda! Hehehe ;-)

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